O Regionalismo Pós Hegemônico dita uma nova forma de intensidade da coesão social, econômica, política ou organizacional entre as unidades estatais. É caracterizada por um híbrido de organização internacional e acordo multilateral reunindo países da periferia do sistema internacional e que possuem caráter contestador do status quo, onde seus membros tentam se distanciar das regras do jogo, lançando novas formas de relacionamento entre os Estados em prol da solidariedade e da integração.
O regionalismo pós hegemônico é um termo utilizado em Relações Internacionais com o objetivo de entendermos como se dão os processos de regionalização e integração regional à partir das mudanças históricas ocorridas após o marco temporal do fim da guerra fria, que teve como ponto principal a teoria do “fim da história”, de Francis Fukuyama. Ou seja, o regionalismo pós-hegemônico trata de novas configurações que entram em embate com a ideia de um mundo unipolar, tendo os Estados Unidos da América como hegemon, hegemonia essa bem exemplificada por Antonio Gramsci.
As primeiras iniciativas regionais que podemos apontar historicamente se iniciaram nas décadas de 1950 e 1960, mas que tiveram pouca relevância no cenário da época, exceto na Europa Ocidental com o estabelecimento da Comunidade Européia, chamadas por alguns analistas como iniciativas de “velho regionalismo”. A partir da década de 1980, um novo ciclo de integração regional (também chamado de “novo regionalismo”) se inicia e mantém sua continuidade até os dias atuais. Surgiram diversas iniciativas políticas que impulsionaram a integração regional durante as últimas duas décadas, multiplicando-se acordos regionais (multilaterais) e bilaterais após o fracasso da rodada de Doha.
A década que passou assistiu ao ressurgimento do regionalismo na política mundial. Com a renovação política na América Latina, principalmente nas décadas de 2000 e 2010, caracterizada como onda de esquerda ou onda rosa, “a rejeição de supervisão externa foi combinada com a mobilização social, um novo foco no empoderamento dos povos indígenas e o apelo para decretar a solidariedade em escala regional. Quaisquer que sejam as visões, a América do Sul tornou-se uma plataforma pronta para o reinício do regionalismo incorporando as dimensões normativas de uma nova era que vai além padrões de integração comercial liderados pelos americanos e isso não pode ser descartado como aprovado” (Söderbaum, 2015).