O G20 surgiu em 2003 durante a V Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), na Rodada de Doha realizada em Cancún. O G20 consiste em um grupo formado por países em desenvolvimento, articulado pelo Brasil e Índia, o qual fazem parte Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, China, Cuba, Equador, Egito, Guatemala, Índia, Indonésia, México, Nigéria, Paquistão, Paraguai, Peru, Filipinas, África do Sul, Tanzânia, Tailândia, Uruguai, Venezuela e Zimbábue. Ele foi criado como uma resposta aos acordos firmados entre os Estados Unidos e a União Europeia no qual se limitava a liberalização agrícola, tendo como intuito criar uma nova proposta na qual se diminuísse o protecionismo agrícola para que os países emergentes pudessem ter maior acesso aos mercados estadunidenses e europeus.
Embora seja uma instância informal, o G20 Comercial inicialmente teve seu propósito central focado na busca de identificação dos riscos de novas crises em países em desenvolvimento. Atualmente tem como finalidade traçar estratégias de estabilização do mercado internacional com um viés comercial e financeiro que se baseiam no regime multilateral de comércio, traçando uma coalizão de países em desenvolvimento de forma sólida e universalista, mediante aos novos agrupamentos negociadores tanto entre países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. Se tratando das coalizões internacionais, o G20 foi aclamado como um novo modelo padrão de articulações dos países do Sul, que de certo ponto se distinguiria das antigas coalizões de bloqueio em linhas Norte-Sul se transformando em uma nova agenda assertiva, focando na agricultura e garantindo futuramente uma agenda coerente com os interesses do conjunto dos países em desenvolvimento nas negociações da Rodada Doha, articulando um compromisso coletivo frente a importância das negociações dessa área para a rodada e para as perspectivas do multilateralismo comercial.
A IV Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), realizada em Doha, no Qatar, entre os dias de 9 a 14 de novembro de 2001, deu origem às demandas que, consolidadas, resultaram na formação do grupo. O Mandato de Doha estipulou que os interesses dos países em desenvolvimento e dos menos desenvolvidos (LDCs) deveriam ser levados em consideração, sobretudo em temas como a agricultura, acesso aos mercados consumidores e segurança alimentar. Os pontos de interesse de países como o Brasil ficaram ali registrados, o que, no entanto, não garantia um desfecho favorável aos mesmos.
De fato, houve indisposição por parte dos países desenvolvidos em efetivar a liberalização do acesso aos mercados agrícolas, e o impasse se estendeu por diversas conferências subsequentes, como em Genebra (2004, 2006 e 2008), Paris (2004) e Hong Kong (2005). O G20 comercial, representante de aproximadamente 60% da população mundial, 70% da população rural e 26% das exportações agrícolas mundiais, legitimou-se enquanto articulador dos interesses dos países em desenvolvimento em todo este período. O Pacote de Bali, originado na 9ª Conferência Ministerial da Organização Mundial de Comércio em Bali, Indonésia, demarcou a produção do primeiro acordo para liberalização do comércio global desde o nascimento da OMC, ainda que não tenha contemplado integralmente as demandas pleiteadas desde Doha.
Além disso, durante a reunião em novembro de 2008 o movimento norte-americano teve como foco principal países emergentes, trazendo o tema da subvalorização da moeda chinesa. Ainda que se caracterize como uma instância informal, o G20 compartilha mandatos específicos para diversas instituições formais, como o FMI, o Banco Mundial e a OMC, formando uma espécie de foro de última instância do multilateralismo.

Escrito por

Observatório de Regionalismo

O ODR (Observatório de Regionalismo) realiza entrevistas com autoridades em suas áreas de conhecimento e/ou atuação, lançando mão de diversas mídias à divulgação do material elaborado.