A Parceria Regional Econômica Abrangente (RCEP) é o novo tratado de integração econômica firmado entre os países da Ásia e do Pacífico, e foi fundado em 15 de novembro de 2020. Os países que atualmente compõem o RCEP são: Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Singapura, Tailândia, Vietnã, Austrália, China, Japão, Nova Zelândia e República da Coreia. As negociações do acordo começaram quando as cadeias produtivas globais estavam se reorganizando. Existia uma demanda cada vez maior pela redução nos custos de transações que dificultavam negociações que visavam a liberalização comercial no âmbito multilateral, promovidas pela Organização Mundial do Comércio. Outro ponto de importância para o início das negociações do acordo é a crescente tensão comercial entre Estados Unidos e China.
Este tratado foi considerado extremamente relevante por conta de seu significado político e econômico. Existem quatro fatores em termos políticos para a relevância do tratado: (1) uma maior afinidade entre China, Japão e Coreia do Sul; (2) entrada da China que contrabalanceia com estratégias de exclusão consagrado por acordos com os EUA; (3) apogeu dos esforços na integração econômica de países do Leste Asiatico, (4) e também, na parte econômica, a importância do tamanho do mercado desses países unidos pela inserção nas cadeias produtivas mundiais. Os Estados membros deste tratado juntos possuem aproximadamente um terço da população mundial e participam de aproximadamente 30% do PIB mundial.
Assim, um ponto que se pode esperar do tratado é a sua contribuição para o estabelecimento das cadeias produtivas regionais e globais. Portanto, este tratado foi assinado para a facilitação e expansão do comércio e de investimentos para os países membros, incentivando as cadeias de produção da região e uma zona de comércio.
A iniciativa do RCEP surgiu a partir da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático) com o intuito de buscar uma maior aproximação com os principais países da região. Os objetivos incluiam reduzir e eliminar as barreiras tarifárias e não tarifárias para bens, melhorar o ambiente de investimento e contribuir para a liberalização do setor de serviços harmonizando acordos bilaterais e sub-regionais de livre comércio já assinados entre membros e parceiros da ASEAN. A iniciativa ganhou mais força quando, em 2017, Donald Trump anunciou que os Estados Unidos deixaria as negociações da Parceria Transpacífica (Transpacific Partnership Agreement, TPP), o que resultou no maior interesse em concretizar o RCEP.
Outrossim, desde o lançamento da proposta do tratado, em 2011, até o fim do processo de barganha do acordo, em 2020, ocorreram cerca de 27 negociações. Nelas se destaca o papel da Índia, que, após participar das rodadas de negociações desde o princípio, optou por não continuar dentro do acordo, uma vez que havia preocupações de que tarifas mais baixas poderiam prejudicar os produtores locais, comprometendo, assim, a economia nacional indiana. Se destacam também os papéis que a China e o Japão interpretaram dentro do tratado, tendo em vista que mesmo sendo rivais históricos e disputarem a posição de líder regional, ambos aproveitaram a oportunidade para ampliarem seus fluxos de comércio e de investimentos intrarregionais.
Atualmente, o que se percebe é que, no geral, o tratado tem uma grande importância geopolítica na questão da China se opor à influência dos EUA. Contudo, muito se discute sobre o impacto que o RCEP tem no comércio internacional, não só para os países-membros, mas também para outros atores com grande potencial econômico. Ao analisar as relações comerciais bilaterais entre a Ásia e a América Latina, Jack Caporal, especialista em comércio do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), acredita que, pensando no curto prazo, o acordo pode limitar o crescimento do comércio entre as duas regiões. No entanto, considera que o acordo poderá também facilitar os negócios entre as empresas latino-americanas com presença na Ásia.

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Observatório de Regionalismo

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