O Pacto Andino foi um bloco econômico regional constituído originalmente de Bolívia, Colômbia, Chile, Equador e Peru em 26 de maio de 1969, criado com o Acordo de Cartagena. Estes membros foram acrescidos, em 1976, da Venezuela. O Pacto desenvolveu regionalmente um modelo de substituição de importações e tornou-se o mais avançado projeto de integração de países do Sul global no período.
Após as frustrações quanto à integração regional devido à incapacidade da ALALC (Associação Latino-Americana de Livre Comércio) em atingir seus objetivos, o Pacto Andino foi influenciado pelo Documento dos Quatro. O documento apontou que a principal falha da ALALC foi, mesmo no cenário de isolacionismo generalizado dos membros, não considerar sua heterogeneidade econômica, o que acentuou as desigualdades entre os países. A insatisfação desses membros foi consolidada na Declaração dos Presidentes da América Latina, que demonstrou o desejo de uma integração mais profunda dos países andinos e possibilitou uma abertura para o Acordo de Cartagena, dois anos depois.
O Pacto Andino teve influência das Comunidades Europeias e da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), e seu Acordo estabeleceu que o principal objetivo do bloco era utilizar-se da integração e de cooperação para desenvolver seus membros, buscando equilíbrio entre eles, além de almejar constituir um mercado comum na região. Assim, o Pacto estabeleceu instrumentos que protegiam os países de menores economias em transações intrabloco e que permitiam uma divisão equitativa dos benefícios econômicos do Acordo.
O que destaca essa experiência das demais integrações da região foi o nível de elaboração de sua estrutura institucional, inspirada no caso europeu. A Junta do Acordo de Cartagena foi um órgão executivo com características supranacionais, que, portanto, tinha autonomia frente aos interesses nacionais de seus membros. Entretanto, essa robustez institucional não trouxe resultados positivos para o bloco e nem aumentou a adesão de seus membros, de modo que o Pacto era vulnerável aos acontecimentos externos.
O Chile deixou o bloco em 1977, em uma conjuntura que buscou maior liberalização comercial, enquanto a Venezuela se retirou em 2006, com seu pedido de entrada no Mercosul. A partir do final dos anos 70 e da crise da dívida externa na década de 80, os ideais presentes no Acordo tornaram-se irreais no contexto corrente. Mesmo a assinatura do Protocolo de Quito em 1987, flexibilizando disposições do Acordo de Cartagena, não resultou em mudanças significativas.
Com o advento do Protocolo de Trujillo, o regionalismo andino foi resgatado com características neoliberais e novo formato, estabelecido com o Sistema Andino de Integração (SAI). A Junta do Acordo de Cartagena foi substituída pela Secretaria Geral, e o Pacto Andino pela Comunidade Andina. Hoje, a CAN conta com Bolívia, Colômbia, Equador e Peru como países membros; Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai como países associados; e Espanha e Marrocos como países observadores.

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Observatório de Regionalismo

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