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Regiane Nitsch Bressan
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
Membro do Observatório de Regionalismo
regiane.bressan@unifesp.br
Os resultados das recentes eleições para o Parlamento Europeu representam uma significativa mudança no panorama político europeu, com impactos significativos nas relações internacionais, incluindo com o Brasil.No contexto das relações UE-Mercosul, o avanço da extrema direita torna a ratificação do acordo comercial entre os blocos mais incerta. Partidos de extrema direita, que ganharam força no Parlamento Europeu, frequentemente se opõem a acordos de livre comércio e podem pressionar por políticas mais protecionistas. A popularidade do acordo entre a UE e o Mercosul é baixa entre os eleitores desses partidos, o que torna sua aprovação politicamente desfavorável. A nova composição do Parlamento Europeu, portanto, pode resultar em uma reavaliação ou mesmo um congelamento do acordo, afetando negativamente as negociações históricas entre a União Europeia e o Brasil.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou preocupação com a ascensão da extrema direita, alertando sobre os riscos para a democracia. Lula enfatizou a importância de defender as instituições democráticas e destacou a necessidade de união dos defensores da democracia para assegurar sua prevalência globalmente. As recentes eleições europeias evidenciam um cenário de crescente polarização política, onde a extrema direita utiliza retóricas negacionistas e ataques a instituições fundamentais para ganhar apoio.
“Eu tenho dito a todo mundo que nós temos um problema de risco da democracia tal qual nós a conhecemos. Porque o negacionista nega as instituições, nega aquilo que é o Parlamento, aquilo que é a Suprema Corte, aquilo que é o Poder Judiciário, aquilo que é o próprio Congresso. Ou seja, são pessoas que vivem na base da construção de mentiras”…“Eu acho que é um perigo, mas acho que um alerta também. Acho que as pessoas que respeitam a democracia têm que brigar para que a democracia prevaleça na Europa, na América do Sul, na América Latina, na Ásia e em todos os lugares”.
A União Europeia deve redirecionar seu foco para questões domésticas como economia, imigração, segurança e a guerra na Ucrânia. Essa mudança de prioridades pode diminuir a atenção da UE para parcerias e acordos comerciais com países sul-americanos, incluindo o Brasil. Consequentemente, a América Latina, e em particular o Brasil, pode perder espaço na agenda europeia, impactando as relações comerciais e políticas nos próximos anos.
Portanto, as eleições para o Parlamento Europeu revelam uma dinâmica complexa e desafiadora para a UE, com potenciais repercussões negativas para a ratificação do acordo UE-Mercosul, bem como para as relações com o Brasil nos próximos anos.