Neste episódio do ODR Podcast, analisamos a resposta da União Europeia à guerra na Ucrânia, abordando as nuances e contradições da atuação do bloco diante de um dos maiores desafios de sua história recente. Conversamos com o prof. dr. Bruno Theodoro Luciano, pesquisador pós-doutoral da Université Libre de Bruxelles, e com Vitória Totti Salgado, doutoranda do PPGRI San Tiago Dantas e pesquisadora visitante no Leuven Centre for Global Governance Studies, KU Leuven, Bélgica. O episódio completo está disponível no player abaixo e é apresentado por Jacqueline Gobbis Arantes, do ODR.

Luciano e Salgado são autores de um artigo publicado na revista Pensamiento Proprio, da CRIES, que oferece uma reflexão crítica sobre o impacto do conflito nas políticas migratórias e no processo de alargamento europeu. Você pode ler o artigo completo “Hipocrisia organizada e a resposta da União Europeia à guerra na Ucrânia” no site da revista Pensamiento Proprio.

A invasão da Rússia à Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, trouxe à tona uma crise humanitária de proporções alarmantes, reacendendo tensões entre o Ocidente e a Rússia. Nesse contexto, a União Europeia adotou uma série de medidas de grande impacto, incluindo sanções econômicas à Rússia, apoio financeiro e militar à Ucrânia e acolhimento de milhões de refugiados ucranianos. No entanto, como destacam os autores, essas ações expuseram a complexidade da política externa europeia e revelaram o conceito de hipocrisia organizada, caracterizado por discrepâncias entre discurso e prática.

Os autores argumentam que a hipocrisia organizada da União Europeia tem implicações importantes, desde a manutenção de políticas migratórias inconsistentes até a perpetuação de narrativas otimistas sobre o alargamento do bloco.

Apesar do discurso de solidariedade à Ucrânia, a prática evidencia limitações estruturais que refletem a politização e fragilidade da governança europeia. Tais ações, além de afetarem a legitimidade da União Europeia enquanto ator internacional, podem reforçar comportamentos xenofóbicos entre seus Estados-Membros e criar expectativas irrealistas para países candidatos ao bloco.

Escrito por

Talita Angulo Eredia Marchao

Mestranda em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas e pesquisadora no Observatório de Regionalismo (ODR), focada em estudos sobre política externa brasileira e Mercosul. Formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, possui quase 20 anos de experiência profissional na área de comunicação, com passagens por jornais, revistas e sites em veículos de mídia como Estadão, UOL e Band, cobrindo principalmente temas ligados ao noticiário internacional, política externa, comércio exterior e política nacional. LinkedIn | Lattes