O regionalismo aberto caracterizou um momento do sistema internacional no final do século XX, com o fim da Guerra Fria (1991), que se manifestou por meio da criação de diversos blocos econômicos. Por vezes, ele pode ser também chamado de Novo Regionalismo. Na América Latina, o conceito de regionalismo aberto foi elaborado pela CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) como “um processo de crescente interdependência no nível regional, promovida por acordos preferenciais de integração e por outras políticas, num contexto de liberalização e desregulação capaz de fortalecer a competitividade dos países da região e, na medida do possível, constituir a formação de blocos para uma economia internacional mais aberta e transparente”. (CEPAL, 1994 apud CORAZZA, HERRERA, 2004, p. 11).
O termo “aberto” advém dessa ideia dos blocos eliminarem as barreiras comerciais entre seus membros, buscando estender tais benefícios a países terceiros por meio de acordos preferenciais. Ele surgiu em um contexto de intensificação da globalização, marcada pela abertura e desregulamentação de economias e adesão ao sistema neoliberal. Diante desse cenário, os Estados adotaram as estratégias desse regionalismo a fim de conseguir melhor inserção no sistema político e econômico internacional.
Entre os seus principais objetivos, destaca- se o fortalecimento dos laços comerciais e o aumento das condições de competitividade por meio da busca de maior eficiência econômica e liberalização comercial. Dessa forma, o regionalismo aberto busca a conciliação de dois fenômenos: a crescente interdependência regional resultante de acordos preferenciais e a liberalização comercial do mercado.
Essa integração foi impulsionada pela vontade da América Latina de superar a crise dos anos 80, a qual provocou uma grande instabilidade macroeconômica, marcada pela alta inflação e endividamento. Ademais, também se pode pontuar a afinidade entre os representantes civis do período, que viam a região como um meio de promoção de uma melhor inserção de seus países no comércio internacional.
Nesse cenário global, os líderes do mundo buscavam criar e proliferar acordos intergovernamentais com o objetivo de criar zonas de livre comércio e/ou uniões aduaneiras, tais como: Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) de 1994, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) de 1991, o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) de 1994 e a Comunidade Andina (CAN) de 1996. A maioria desses ainda possuem ação efetiva na atualidade, com exceção do NAFTA, o qual teve seu fim no governo de Donald Trump, embora ainda existam acordos econômicos entre os países participantes.
Por fim, vale pontuar que tal regionalismo durou até a primeira década de 2000, diante do questionamento e insatisfação com os governos e políticas neoliberais adotadas. As críticas das políticas econômicas foram agravadas pela sucessão de crises econômicas da virada do século, como a desvalorização da moeda brasileira em 1999 e a crise financeira da Argentina em 2001. Assim, o desempenho das economias latino-americanas abaixo da expectativa, e o aumento da desigualdade interna contribuíram para resistência popular às estratégias neoliberais características desse regionalismo .

Escrito por

Observatório de Regionalismo

O ODR (Observatório de Regionalismo) realiza entrevistas com autoridades em suas áreas de conhecimento e/ou atuação, lançando mão de diversas mídias à divulgação do material elaborado.