Foto : Membros da Rede de Pesquisa em Regionalismo e Integração e do Grupo de Pesquisa Observatório de Regionalismo. Em destaque alguns professores: Professora Regiane Nitsch Bressan (UNIFESP), Professora Karina L. P. Mariano (UNESP), Professor Alexandre Fuccille (UNESP), Professor Roberto Menezes (UNB) e Professor Camilo López (UdelaR).

 

Do dia 07 ao 10 de novembro ocorreu o Simpósio de Relações Internacionais (SIMPORI) organizado pelos Programas de Pós-Graduação “San Tiago Dantas” (Unesp/Unicamp/Puc-SP) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). O tema deste ano foi “Instabilidade e reconfiguração: perspectivas para a ordem internacional”, em que os debates giraram em torno dos acontecimentos e fenômenos atuais.

Primeiramente, gostaríamos de parabenizar os envolvidos neste evento que vem consolidando sua importância no calendário das Relações Internacionais do Brasil.

Em segundo lugar, no dia 8 de novembro, a Profa. Dra. Karina Mariano, coordenadora do grupo de Pesquisa Observatório de Regionalismo, e pesquisadora da Rede de Pesquisa em Política Externa e Regionalismo (REPRI), moderou a Mesa Redonda “Regionalismo Pós-Brexit”, a qual teve exposições dos seguintes professores: Profa. Dra. Brigitte Weiffen (USP), Prof. Dr. Camilo Martín López Burian (UdeR), Prof. Dr. Roberto Goulart Menezes (UnB) e Prof. Dra. Andrea Ribeiro Hoffmann (PUC-RJ).

Durante a mesa de regionalismo várias questões importantes foram levantadas, desde o debate da fragmentação regional, até o debate da autonomia e esquecimento do sul global. A primeira expositora foi a professora Andrea Hoffman, da PUC-RIO, trazendo perspectivas sobre o impacto do Brexit nas teorias de integração, na América Latina e na União Europeia. Inicialmente, se tem um cenário atual onde é presente a ampliação da fragmentação sub-regional, com a volta dos nacionalismos. Os impactos do Brexit na União Europeia foram destacados ser de todas as ordens, econômicos, políticos, sociais e culturais, onde é possível que se revertam os processos e benefícios gerados pelo spillover previsto nas visões teóricas neofuncionalistas (HAAS, 1967).

Ainda na fala da professora Andrea Hoffman, tem-se que há atualmente um resgate teórico da importância dos Estados, principalmente das perspectivas presidencialistas que destacam o funcionamento e dinâmica das elites que capturam e influenciam os governos centrais. Por outro lado, o impacto para regionalismo latino-americano no pós-Brexit se dá principalmente no desabamento da ideia do modelo de integração europeu como base comparativa, dando foco nas críticas ao eurocentrismo dos modelos usados. Ademais, se rompe com o pensamento do regionalismo irreversível, sendo necessário a partir do momento atual, voltar a pensar nas origens da integração nesse novo contexto integracionista que fazemos parte, onde as elites nacionais já não são controladas como antes e é possível verificar o enfraquecimento do regionalismo até então presente no continente.

Dando seguimento a mesa aqui destacada, o Prof. Roberto Menezes trouxe ao evento um debate mais focado nas questões internas dos países que fazem parte do regionalismo sul-americano, onde as mudanças atuais de governo na região são refletidas no andamento dos processos e iniciativas integracionistas existentes. No que se refere ao Brasil, foi destacado diversos momentos atuais do governo de Michel Temer, onde o papel do Estado está cada vez mais relativizado, deixando a integração em segundo plano. A situação atual brasileira reflete na pouca atuação do país no âmbito regional, onde há cada vez mais cortes de vagas de concursos públicos, há a proposta para reestruturação do Itamaraty, atuando a partir da premissa de que “a autonomia do país não enche barriga”.

Trazendo o debate do pós-Brexit ao continente sul-americano, o Professor Camilo López incitou reflexões no que se refere à autonomia dos países sul-americanos, principalmente na tão buscada e demorada concretização da relação entre a União Europeia e o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), que, de acordo com o mesmo, ainda não será realizada frente aos problemas conjunturais atuais e interesses por detrais dos Estados em questão. Ademais, um dos pontos destacados foi o desaparecimento do Sul-Global nas pautas regionais. Por fim, a Professora Brigitte Weiffen trouxe uma visão mais interna da União Europeia no momento atual, preenchida por uma crise de coesão interna, e movimentos de secção que vem ganhando força como as questões da Catalunha, da Croácia e da Irlanda.

Apesar de não poder expressar, nem apontar todos os pontos importantes pelos professores destacados durante a mesa de regionalismo, algumas perguntas importantes foram propostas pela Professora Karina Mariano que estava moderando a mesa, e que valem a pena serem destacadas aqueles que leem este breve relato. Primeiramente, a Profa. Karina questionou a autonomia que é legitimada no plano nacional dos países e é esquecida nas questões e instituições regionais. Uma segunda pergunta foi feito em relação ao Governo de Dilma Rousseff (2011-2016), onde, apesar de haver mantido o discurso de política externa do governo anterior, demonstrou descaso na atuação externa, resultando em uma performance pífia e enfraquecida em relação ao contexto positivo à integração e instrumentos criados ao longo da última década.

Ainda assim, mesmo que se debata sobre a queda do modelo de integração europeia para as iniciativas latino-americanas, ou que seja necessário compreender os processos internos das elites nacionais que são refletidas e direcionam o posicionamento externo dos países, de acordo com a Professora Karina Mariano ainda não há um modelo alternativo à integração regional latino-americana que não a da famigerada reprimarização produtiva, seja se aliando à União Europeia ou à China.

Sendo assim, o debate desenvolvido na mesa, assim como nos diferentes Grupos de trabalho (GTs) e Workshops Doutorais (WDs) que trouxeram temas de integração e regionalismo, resultaram em importantes reflexões a serem feitas nos estudos das relações internacionais que versam sobre o tema. O Grupo do Observatório de Regionalismo, assim como os membros da Rede de Pesquisa em Regionalismo e Integração puderam estar em contato com tais reflexões por suas participações e apresentações nos Gts, Wds e Minicursos realizados durante o Simpósio de Relações Internacionais deste ano, podendo apresentar e receber críticas para avançarem nas suas pesquisas. Como a participação de ambos grupos foi muito grande no evento, todos os trabalhos enviados e apresentados serão disponibilizados nos Anais do evento a partir do dia 25 de Novembro.

Mais notícias sobre o evento:

UNESP → http://www.unesp.br/portal#!/noticia/30301/simposio-de-pesquisa-em-relacoes-internacionais/

FOLHA DE SÃO PAULO → http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/11/1935267-adultos-nao-foram-capazes-de-domar-trump-diz-cientista-politico.shtml

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Mesa de Regionalismo – Professores (da esquerda para a direita): Bigitte Weiffen, Camilo López, Karina L. P. Mariano, Roberto Menezes e Andrea Hoffmann.

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Parte dos membros do Grupo Observatório de Regionalismo com a coordenadora do grupo, Professora Karina L. P. Mariano.

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Parte dos membros do Observatório de Regionalismo durante o Coffee Break do evento.

Escrito por

Observatório de Regionalismo

O ODR (Observatório de Regionalismo) realiza entrevistas com autoridades em suas áreas de conhecimento e/ou atuação, lançando mão de diversas mídias à divulgação do material elaborado.